quarta-feira, 16 de outubro de 2019

o analfabeto é discriminado como sempre foi

Veja o que diz um político, na arrogância do poder. Analfabeto não vive, incomoda, anda de cabeça baixa e pé no chão, pois nem pra andar de ônibus ele serve. Analfabeto não entra na fila de empregos, porque não existe emprego, para quem não sabe ler e escrever. Para analfabetos, só o trabalho forçado. Analfabetos são os mais empobrecidos da cidade, vergonha da sociedade. Em tempo de eleições o analfabeto é lembrado, como voto barato, por migalhas ele vota e volta pro seu barraco, sorrindo por ter ganho alguma coisa. Analfabeto vai pra fila do Sus, com medo do médico, não sabe dizer onde dói. Com a receita na mão, volta pra casa fazer um chá, porque o remédio é caro e ele não tem o dinheiro. Amigo político, você pode até ter razão. Pois o pobre analfabeto, pouco sabe desse mundo moderno. Mas ele é mestre em lavrar a terra. O analfabeto sabe plantar e sabe colher. É as mãos calejadas do homem do campo, que produz alimentos e geram riquezas para pagar o seu salário. Os analfabetos do trabalho forçado, é que levantou as paredes de sua casa, fez os telhados e até o lugar onde você dorme. O analfabeto é a mão de obra barato, do qual vocês se aproveitam, para aumentar as vossas riquezas. País sem analfabetos, é país sem mão de obras. Universitário não pega no cabo da enxada, não planta e não colhe. Não se levanta as quatro horas da madrugada, para tirar o leite e mandar pro mercado, pro seu café da manhã. O doutorzinho não recolhe os ovos e não junta os estercos nas granjas. Seja respeitado o homem em sua simples natureza, pois na lida do campo e até na cidade. O analfabeto é maestro da natureza. Minha história é dolorida, mesmo assim eu me sinto feliz.
                                                   Clementino Andrioli    16/10/19

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