segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O homem e a cachaça


Eu sou a dona cachaça,conhecida como pinga boa. Quem se aproxima de mim e prova o meu sabor, logo se apaixona por mim. quem me ama, será sempre fiel, morrerá por amor. Quem me ama de verdade, gasta por mim até o ultimo centavo. Quem me ama se entrega por mim, abandona mulher e filhos, para passar o tempo comigo. Me abraça, fazendo amor com a garrafa. Tem uns que se contenta com cinco centímetro, tem outros que querem mais, tem outros, mais atrevidos que só se contenta com mais de vinte centímetro gosta de ver o fundo ceco. Aí então, me joga fora ou me troca por outra, novinha ainda com o selo. Com o seu jeito selvagem, arranca o selo com o dedo, para enxugar mais uma. Depois, amanhece tremendo, precisa mais um toque para afirmar a ideia. Tem uns que pensa na separação, procura uma casa de recuperação, para tratar do divorcio. Aí eles ficam, três a quatro meses internados, morrendo de saudades e dando uma de durão. Quando volta de la, volta arrogante, fugindo de mim. Quando ele me encara, frente a frente e sente o meu cheiro, aí, ele não me resiste,me abraça para tirar o atraso. Depois, me xinga, desgraçada, você vai acabar comigo, mas eu não vivo sem você. Eu sou a dona cachaça e quem me ama não tem luxo e nem vaidade, dorme na rua e morre na calçada. Só termina a paixão, quando a morte nos separa.
                                                Clementino 11/08/2014

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